>>11074Esses dias eu me peguei pensando nisso anão, e cheguei a conclusão que a "abolição da religião" não é algo que ocorrerá no socialismo, mas isso é algo que já ocorreu no capitalismo.
Na maiora dos países das Américas e Europa até uns 100, 200 anos atrás, a igreja exercia um papel fundamental na vida inteira de uma pessoa: batismo, casamento, morte.
Com a laicização do Estado, essas funções foram pra cartórios, e a igreja perdeu seu papel de reprodução social. Anteriormente você era registrado no batismo, se casava na igreja (com alguém da mesma fé que a sua), e era enterrado em um cemitério onde pessoas que professavam a mesma fé eram enterradas.
Hoje a "religião" como existia nessa época não existe na Europa ou nas Américas: você não precisa professar uma certa fé pra ter cargo público, ou de se converter pra casar com quiser (pode casar no civil), e no fim tu pode ser enterrado, cremado, transformado em diamante, etc.
É interessante lembrar que o pai do Marx por exemplo teve que se converter pro cristianismo pra poder praticar advocacia na Prússia; que não-muçulmanos não podiam ter certas posições de administração pública nos califatos islâmicos; as 13 colônias americanas foram fundadas como 13 colônias diferente porque cada uma era de um grupo religioso que não queria o outro dentro de seu território. Ou seja, a fé que você professava era algo que materialmente moldava sua vida inteira de maneira profunda. Hoje é muito mais um detalhe da sua vida.
Tudo que restou são superstições e superticiosos, pessoas que vão confessar sábado atarde, pra poder tomar eucaristia no domingo, não comem carne na quaresma, etc, mas se deixarem de fazer qualquer uma dessas coisas, não existe uma consequência real. Elas podem se casar, ter filhos, ter propriedade, votar, ter emprego onde tiverem aptidão pra trabalhar, etc.
O que torna pessoas como seus pais, e muitos outros, presas fáceis de movimentos como os neopentecostais e mormons, que são superstições com esteroides.