Aproveito pra fazer uma previsão que, agora, parece-me tão óbvia que, imagino, muitos jpa deve ter feito antes.
A democracia burguesa nunca foi grande merda no capitalismo periférico, e agora, não é mais merda nenhuma em nenhum lugar; está filosoficamente oca, não tem mais nada a oferecer. Por outro lado, não há alternativa; essa democracia com morte cerebral é tudo que existe no momento. Some-se esses dois fatores e o resultado é o acirramento da falsa disputa de classes que a democracia burguesa transforma em ritual. As tendências:
- Redução do rol de candidatos a 2 campos com cada vez menos diferenças entre si
- Aumento da intensidade da disputa eleitoral, não no campo físico (ou seja, não descambará, pelo menos por enquanto, pro campo da violência), mas no campo das aparências: toda eleição será a eleição mais """""importante""""" pro futuro da nação até aquele momento, cada vez mais emocionalmente exaustiva
- Esses dois fatores supra-citados podem parecer contraditórios entre si. Não apenas não são, como fazem perfeito sentido. Ambos os lados exageram e exacerbam inconscientemente as poucas diferenças que há entre eles, justamente pra disfarçar a essa falta delas. Vide os
wedge issues que regem o circo político dos EUA disputado por 2 lados quase iguais.
- Nessa dinâmica da democracia-zumbi, a tendência antiga de estabilidade inercial (tendência de um candidato vitorioso a se reeleger a menos que faça um governo extremamente ruim) é substituido por uma "instabilidade estagnante": não importa se o governo é ótimo ou uma catástrofe total, a próxima eleição vai ser acirrada. Como eu digo há anos, fatos não importam mais. Eleições degeneraram a um nível abaixo do que os gregos antigos já a tinham; eles as desdenhavam porque as consideravam meros concursos de popularidade. Pois bem, o nível atual é ainda inferior a isso, porque as pessoas cujas popularidades elas medem são mais ficção do que reais. Fake news, infocalipse, identificação com candidato, absolutamente todo tipo de asneira tem precedência sobre fatos na hora de decidir eleições. Nesse novo paradigma, personagens são ótimos candidatos, completamente independente de quão lastimáveis eles sejam na vida real.
- A única solução pra isso é outra coisa que venho falando há anos. A morte da democracia representativa só pode ser superada com o aprofundamento dela, transformando-a em democracia participativa. Se isso não ocorrem, desabamento em ditadura é o
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